Met Gala 2025
O Met Gala 2025, com seu tema sobre dandismo negro, celebrou a elegância e a sofisticação como forma de resistência e afirmação de identidade. No Brasil, essa mesma essência pode ser vista na figura do malandro boêmio, um arquétipo que traduz a relação entre estilo, astúcia e sobrevivência.
O dandismo negro, assim como a malandragem brasileira, é mais do que uma estética—é uma afirmação cultural e política. Enquanto o dandismo historicamente se manifestou através da moda refinada e da postura distinta como forma de contestação social, o malandro brasileiro adotou a elegância como um mecanismo de respeito e presença em uma sociedade que frequentemente o marginalizava.
A alfaiataria impecável do dandismo se conecta diretamente ao traje icônico do malandro: terno branco, chapéu panamá e sapatos bem engraxados. Esses elementos não eram apenas um símbolo de estilo, mas também de resistência e autoafirmação.
Ambos os conceitos desafiam normas e redefinem o poder da vestimenta. No Met Gala, os trajes celebraram a herança do dandismo negro, mostrando como a moda é um veículo de identidade e subversão. No Brasil, o malandro boêmio carrega esse mesmo princípio, vestindo-se para comandar seu espaço, navegando pelas complexidades sociais com inteligência e charme.
Ao incorporar Zé Pilintra como referência para minha criação, estou trazendo esse diálogo para o presente, misturando elementos da tradição sartorial com a cultura brasileira. Minha releitura do tema reflete uma fusão entre o refinamento do dandismo e a identidade do malandro, resgatando narrativas que reafirmam a potência da moda como expressão cultural e social.
Já o colar representa uma cobra coral, um símbolo poderoso na cultura brasileira. Mais do que um elemento estético, ele carrega consigo significados profundos de proteção, inteligência e coragem. Na natureza, suas cores vibrantes são um aviso de respeito. Esse detalhe se torna uma declaração de força e história, reforçando a conexão entre identidade, ancestralidade e resistência.
As flores, especialmente as rosas vermelhas, são um elo entre sensibilidade e força, representando elegância e ousadia. Incorporá-las ao design é uma forma de equilibrar delicadeza e imponência, mostrando que estilo e identidade caminham juntos.
O broche de ouro com o busto de Zumbi dos Palmares não é apenas um detalhe de luxo, mas uma afirmação clara da identidade e resistência negra brasileira em um dos maiores eventos de moda do mundo. Em meio ao brilho do Met Gala, ele se destaca como um manifesto visual, trazendo a história do Brasil para o centro do diálogo global sobre moda e cultura.
Ao incorporar Zumbi dos Palmares, conecto meu design a um legado de luta e liberdade, reforçando o papel da moda como meio de expressão e memória. Esse elemento não apenas celebra a ancestralidade, mas também reforça a presença do Brasil e sua história no cenário internacional.
Cada detalhe deste croqui foi pensado por mim para traduzir uma história de identidade, resistência e elegância. Através da fusão entre o dandismo negro e a malandragem boêmia, busquei criar uma peça que não apenas celebra a estética refinada, mas também ressignifica símbolos culturais brasileiros dentro de um dos maiores eventos de moda do mundo. Este croqui é minha expressão sobre como moda, cultura e resistência podem se entrelaçar para contar uma nova narrativa.

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